Os seus passos eram agora curtos e lentos, já não eram como outrora que caminhava apressadamente e com passos largos.
Os anos tinham passado e ainda que quisesse pensar que tudo continuava igual eram bem visíveis as marcas dos anos e as limitações com que se deparava.
Mas todos os dias eram passados a fazer qualquer coisa útil, por pequena que fosse.
Na televisão gostava de ver os telejornais e futebol. Recusava-se a estar sentado no sofá todo o dia em frente a ela, como se por ser velho fosse só isso que lhe estava destinado.
Mas para ele não, era fundamental falar com alguém, sair à rua para fugir à solidão que a maioria dos idosos encontra em sua casa.
Enquanto as já poucas forças o permitirem, é assim que irá viver, não se acomodará em ficar em casa de pantufas. E enquanto a sua condição física lhe permitir, passeará pelas ruas por entre as pessoas, sendo mais uma. Com algumas irá falar mas outras estarão tão absorvidas com a sua vida, os seus problemas, que nem darão pela sua presença, e são elas que ficam a perder, é que a idade também traz muita sabedoria que se pode transmitir aos outros.
Os filhos e netos visitam-no frequentemente, o que o deixa muito contente, e entende que as vistas são curtas porque cada um tem a sua vida, mas ainda assim prefere que ir para um lar.
Penso que era feliz hoje compreendo que o estar ocupado era importante para se sentir vivo e útil porque "parar é morrer".
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